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Fazer o Presépio de Natal é uma tradição muito
antiga uma data aproximada foi no século XIII, e ainda hoje
uma boa parte dos países latinos é mais importante
do que a árvore de Natal.
As imagens representam o Nascimento de Jesus,
a imagem do menino Jesus veio primeiro, depois Maria e José foram criadas em mosaicos no interior
das igrejas e templos, e encontram-se desde o
século VI.
São Francisco começou a divulgar a idéia de criar
figuras em barro que representassem o ambiente do
nascimento de Jesus.
Por isso, construiu o primeiro presépio em 1223
tendo sido celebrada uma missa que foi descrita
como tendo um ambiente verdadeiramente divino.
A partir dessa altura, a idéia passou para os
conventos e casas nobres, onde as representações
se tornavam cada vez mais luxuosas.
Rapidamente chegaram a todos os lares, sendo do mais
simples ou com mais personagens e elementos
segundo o gosto e possibilidades de cada família.
Mas o presépio não foi sempre como nós o
conhecemos hoje.
A sua primeira representação, resumia-se a uma
simples manjedoura (a palavra presépio vem do
latim "praesepium", de "presepire", fechar com uma
sebe. O termo designa literalmente uma
"manjedoura".
Segundo o evangelho de Lucas, teria sido aí que
Maria teria colocado o seu filho Jesus, após o ter
envolvido em faixas.
A tradição conta-nos que o imperador romano
Adriano (c.117), terá ordenado que a manjedoura de
Jesus fosse destruída, no sec.II dc., tendo
eventualmente os seus restos sido enterrados nas
fundações de um templo pagão.
S.Jerónimo (c.347-419), um dos quatro grandes
doutores da Igreja Latina, garantia que a
manjedoura onde Jesus foi colocado por Maria, era
feita de barro, talvez completando alguma
saliência natural de uma rocha ou cova. Na
Palestina, tais cavidades naturais eram utilizadas
como abrigo para os animais, e os seus habitantes
usavam o barro, em recipientes para dar de comer
aos animais.
Por volta de 400 dc., S.Jerônimo queixou-se
amargamente da destruição da manjedoura original,
substituída posteriormente, no tempo do imperador
Constantino, por uma imitação em ouro e prata.
Em 432 e 440 dc., o Papa Sixtus III, transferiu
para a igreja de Santa Maria Maior, em Roma,
vários fragmentos do santo Presépio, dando início
ao hábito da missa da meia-noite, baseado numa
tradição vivida em Belém.
A representação do nascimento de Jesus, remonta ao
tempo dos primeiros cristãos. Logo no início do
sec. II, apareceram toscas pinturas feitas nos
seus refúgios, da Virgem com o menino. Um exemplo
significativo pode ser encontrado nas catacumbas
de santa Priscila, em Roma. Este tema também era
usado, pelos cristãos, nos sarcófagos dos seus
entes queridos.
A nível popular, as figuras iniciais do presépio,
talvez tenham aparecido como réplicas a pequenas
esculturas antropomórficas em terracota, dedicadas
aos cultos pagãos, tais como os "Lari" dos
romanos, colocados no átrio das casas e que
representavam as divindades protetora do lar, ou
mesmo os ex-votos oferecidos à Deusa Deméter, eles
também esculpiam em terracota na forma
humana, algumas estatuas representando seres angélicos.
A evolução da composição do presépio foi longa e
progressiva. Aos poucos foram sendo acrescentados
pormenores enriquecedores, aos elementos base das
pinturas e dos relevos, baseados nos Evangelhos
Apócrifos e nas autoridades da Igreja.
No sec.V, um decreto papal, apoiando-se numa
homilia de Leão Magno (o papa que salvou Roma da
invasão de Átila, rei dos Hunos), fixou
definitivamente, em três, o número de magos que
até aí tinha variado entre dois e doze.
A presença de José, o carpinteiro, pai adotivo de
Jesus, tornou-se comum apenas no sec.VI, altura em
que o nascimento e a adoração dos Magos também
surgiram em baixos relevos e mosaicos, em diversos
lugares da Europa.
Em 1025 é construída uma igreja de Santa Maria Ad
Praesepe, chamada "La Rotonda",
destinada a guardar pretensos fragmentos do
presépio verdadeiro, trazidos da Terra Santa.
Os papas João VII (705-707) e Gregório (827-844),
criaram espaços semelhantes, respectivamente, na
Basílica do Vaticano e em Santa Maria, em
Trastevere.
A partir do sec.VII, o nascimento de Jesus, bem
como a sua morte e ressurreição, passam a ser
temas explorados em representações ao vivo,
ampliando a dramatização da liturgia.
Esses espetáculos verdadeiramente teatrais, apesar
de estáticos, dirigidos à doutrinação e
evangelização do povo, em breve saíam do espaço
sagrado das igrejas e invadiam o espaço público,
chegando a mobilizar, por vezes, toda a população
de uma cidade.
Aos poucos, o seu aspecto religioso ia
enfraquecendo, dando lugar a uma certa
vulgarização profana, a que não eram estranhos a
lembrança de antigas, mas ainda vivas, celebrações
do mesmo tipo, mas claramente pagãs, vindas dos
cultos mitraicos e gnósticos.
A partir dos púlpitos das suas igrejas, os padres
e os frades, protestavam contra essa mudança de
atitude.
Em 1207, o papa Inocêncio III proíbe a realização
de dramas litúrgicos nas igrejas. Contudo, a
necessidade popular da vivência cênica desses
momentos crucial da origem do cristianismo, não
ia deixar-se sufocar com tais proibições.
A cena da Natividade, foi sem dúvida aquela que
mais atenção despertou junto do povo, unindo o
sagrado e o profano, sobrepondo aos personagens
litúrgicos, elementos populares tirados do seu dia
a dia. Assim, personagens como pastores os magos, vão
sendo acrescentadas outras figuras
representativas da época; os artesãos e os
camponeses.
O passo fundamental para a criação do presépio
clássico, foi marcado no dia 24 de Dezembro de
1223, quando Francisco de Assis partiu para
Greccio (Itália), numa das suas missões evangélicas.
Anteriormente, em 1220, ao visitar Belém, tinha
ficado profundamente impressionado com a forma
como o Natal era celebrado na Terra Santa. Agora,
nesta terra inóspita de Greccio, após ter
recebido, do papa Honório III, uma dispensa da
proibição anteriormente decretada em 1207, e
aproveitando uma gruta existente no local,
Francisco de Assis decidiu recriar a cena do
nascimento de Jesus, ao vivo.
Na noite de Natal, chamou os habitantes de Greccio
para a gruta e aí foi celebrada uma missa, perante
o povo silencioso.
Conta-se que, quando Francisco de Assis falava,
com o seu habitual entusiasmo místico, ele viu,
bem como os presentes, o Menino Jesus tomar forma
nos seus braços.
Essa noite em Greccio, imortalizada num conjunto
de frescos pintados por Giotto di Bondone, nos finais do
sec.XIII, pode ser considerada como o início do
culto da Natividade. Os franciscanos foram os
primeiros a repetir essa representação por
toda a Europa.
Mais tarde, seriam seguidos pelos Dominicanos e
depois pelos Jesuítas, que levaram este culto para
a América Latina, cerca do ano de 1553.
Antes da difusão do presépio clássico, tornou-se
popular, especialmente no Norte da Europa , o uso
de "Beléns" - representações da Sagrada Família,
numa única peça móvel, rodeada por outras figuras
essenciais fixas.
Só em 1289, Arnolfo di Cambio ( também conhecido
como Arnolfo di Lapo), separou os diversas
personagens do presépio, dando-lhes forma autônoma.
Usando as regras clássicas da estatuária, esculpiu
as figuras de Maria, José e dos Reis Magos, para a
Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, para serem
colocadas junto das relíquias aí existentes da
manjedoura, supostamente original.
Se Francisco de Assis, pode ser considerado o
patrono do presépio (declarado universalmente em
1986), Arnolf di Cambio deu-lhe definitivamente a
forma que viria a torná-lo conhecido em todo o
mundo.
Entre os séculos XIV e XV, foram-se desenvolvendo
os presépios de figuras de madeira policromada, de
pedra, de cerâmica de faiança e de terracota.
Nos finais do sec.XVI, estes presépios estavam
bastante difundidos através dos mosteiros e
igrejas da Europa. Neste mesmo século surgem os
primeiros presépios compostos por figuras
articuladas, tendo atingido uma maior perfeição
nas duas primeiras décadas do sec.XVI. Os seus
corpos eram normalmente de madeira, com vestimenta,
com reprodução dos
trajes locais, com cabelo verdadeiro
e rostos pintados. Posteriormente, os corpos
passaram a ser constituídos por uma armação
interior de arame, sendo a cabeça e os membros de
madeira decorada. A sua mobilidade era maior e
permitia uma expressão cênica mais realista.
A partir do sec.XVII, as personagens dos
presépios, de tamanho mais pequeno, deixam de ser
imagens de culto, e passam a ser figuras ao gosto
do povo, copiando os seus hábitos e costumes.
É no sec.XVIII que se dá a grande virada. Os
presépios abandonam os espaços sagrados, das
igrejas e mosteiros, onde até então tinham estado
confinados, e passam a ocupar o espaço das
casa particulares da realeza e da nobreza.
Toda a Europa católica é invadida por esta
expressão artística, onde se misturam o requinte,
a beleza e o desejo de exibir o que de melhor é
criado nesta área. Depois, quais tesouros, passam
de geração em geração, guardados ora com devoção,
ou com avidez, acrescentados, enriquecendo o
patrimônio e exibidos anualmente para gozo e
alegria dos que têm o privilegio de os poder
admirar.
Cenas da vida popular multiplicam-se nos
presépios, tornando-se galeria de retratos de
nobres e da burguesia, bem como da vida
quotidiana.
O povo é chamado a participar, acorrendo em
procissão às casas das famílias aristocráticas,
onde extasiados, admiravam como personagens
participantes e ao mesmo tempo espectadores, esses
mundos fantásticos de beleza, fantasia e devoção.
Foi Nápoles o berço dessa época de ouro do
presépio, onde duas linhas básicas se
desenvolveram; os verdadeiros artistas e os
artesão mais aptos que produziam para as classes
mais abastadas, e os oleiros menos dotados que,
praticando preços baixos, vendiam para o povo em
geral.
Um pouco por toda a Europa, surgiram artistas que,
inspirados nas escolas renascentistas italianas,
desenvolveram as suas próprias escolas, onde
também foram produzidos presépios maravilhosos.
Presépios riquíssimos ou pobres, de prata ou de
argila, grandes ocupando uma sala, ou pequenos do
tamanho de uma noz, estáticos ou animados com um
sistema mecânico, são uma obra sempre fascinante,
pequenos mundos para modificar e enriquecer, ano
após ano, onde o imaginário e a fantasia dão mãos
para, combinando a riqueza e a pobreza, a devoção
e o folclore, a tradição e o ritual, espelharem um
mundo real, em tempos histórico diferentes.
Peças do presépio (personagens representados)
- Menino Jesus (filho de Deus e o Salvador)
- Virgem Maria (mãe de Jesus Cristo)
- José (pai de Jesus Cristo)
- Manjedoura
- Burro e Boi ou ovelhas (animais do curral,
representam a simplicidade do local onde Jesus
nasceu)
- Anjos (responsáveis por anunciar a chegada de
Jesus)
- Estrela de Belém (orientou os reis Magos quando
Jesus nasceu)
- Pastores (representam a simplicidade das pessoas
do local em que Jesus nasceu)
- Reis Magos (Melquior, Baltazar e Gaspar)
Podem ter pontes, casas, serras, lagos, e muitos personagens.
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